sexta-feira, 30 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
“um espírito maligno da parte de Deus”?
Que espírito era aquele “enviado do Senhor” para ser espírito mentiroso na boca do profeta de acordo com I Reis 22:19-28? Como entender I Samuel 18:10 que fala de
“um espírito maligno da parte de Deus”?
Inegavelmente nos encontramos diante de declarações que causam dificuldades aos leitores da Palavra de Deus.
Para boa compreensão destas passagens é necessário ter em mente os seguintes fatos:
1. Tanto anjos bons quanto maus estão sujeitos ao poder de Deus. O próprio poder de que Satanás dispõe lhe é permitido por Deus.
2. Veracidade destaca-se como atributo divino (Núm. 23:19), enquanto Satanás é o originador da mentira (João 8:44).
3. É difícil, por vezes, transmitir em português o que os escritores bíblicos expressaram em hebraico e grego, por serem línguas com peculiaridades distintas.
Partindo do princípio que a divindade não está imbuída de nenhum espírito maléfico, a lógica determina que nenhum ente espiritual malfazejo integra a Essência Divina, logo nenhuma personalidade angelical maligna pode emanar de “elohim”, precisamente o termo hebraico ocorrente em I Samuel 18:10.
O que se deve ter em conta nesta investigação teológica é que a expressão, em português, “da parte de” não aparece no original hebraico.
O famoso interlinear de Green traz, cautelosamente, a proposição inglesa “from” entre parênteses, querendo com isso denotar que não pertence ao Texto Massorético.
A melhor explicação para I Samuel 18:10 é a que fornece o teólogo A. Neves de Mesquita em sua obra “Estudo nos Livros de Samuel”, quando comenta 1O Samuel 16:14-23. Ele diz: “Deus manda tanto nos espíritos bons como nos maus. Nada escapa do governo divino, e os demônios são usados para perseguir os que estão desviados. O mundo invisível é muito misterioso para nós que só entendemos as coisas de acordo com a vista.
Pode-se entender pelo texto que Deus tanto mandou um espírito mau para Saul, como o permitiu. Tanto vale uma coisa com outra”, diz o teólogo.
E ele continua: “Em Jó 1:7, Deus dialoga com Satanás a respeito das atividades deste na Terra. Parece estranho, mas não é. Deus tem sob Seu domínio anjos e demônios, como tem homens, e usa-os no Seu governo providencial, do modo que quer”, finaliza A. Neves de Mesquita.
Há uma particularidade no sistema verbal hebraico que deve ser lembrada.
O chamado “hifil” é causativo, mas também é permissivo.
É tarefa árdua distinguir nos escritores do Antigo Testamento o que é executado por Deus e por Ele permitido. Essa informação lança luz sobre o endurecimento do coração de Faraó.
Um outro abalizado comentário bíblico afirma: “Na linguagem bíblica, muitos atos são atribuídos a Deus, não com a idéia de que Deus os executa, mas de que em Sua onipotência e onisciência, não os impede.” (Com. Adventista, vol. 4, pág. 647).
A expressão, “o Senhor pôs o espírito mentiroso na boca de todos os profetas”, de 1O Reis 22:23, é uma adaptação antropomórfica, que traz indestrinçável incógnita. O tal espírito pertencia às hostes do Bem ou do Mal?
Na exegese precedente (I Sam. 18:10) “um espírito mau” pode ser entendido: um anjo bom autorizado ou ordenado à prática de um ato mau. O anjo que sai para ferir mortalmente os primogênitos dos egípcios pertencia às potestades benéficas, comissionado a ceifar vidas humanas, para o cumprimento da justiça de Deus, foi em certo sentido um “anjo mau” da parte de Deus.
Preliminar e sumariamente, é útil salientar que Deus não necessita de anjos maus para executar seus juízos, para infringir punição aos iníquos. Assim como Satanás se transforma em anjo de luz para o exercício de ações criminosas, e seus ministros se transfiguram em agentes justiceiros, para a consecução de resultados nefastos e nefandos, que embargo se impõe no fato de conjeturarmos e em tese sustentarmos que as falanges celestiais divinas sejam figuradamente denominadas maléficas, se por determinação de Jeová desempenham em dado momento uma missão catastrófica como a morte fulminante dos 185 mil inimigos de Israel acarretada por um só anjo, da parte de Deus (II Reis 19:35).
É útil também mencionarmos aqui o comentário de Adão Clark sobre I Reis 22:23: “Ele permitiu ou tolerou que um espírito mentiroso influenciasse Seus profetas. É indispensável novamente lembrar que as Escrituras reiteradamente representam a Deus como o autor daquilo que Ele, no desenrolar de Sua providência, apenas permite ou tolera que ocorra. Nada pode ser feito no Céu, na Terra ou no Inferno, que não seja por Sua atividade imediata ou por Sua permissão.”
Muitas vezes anjos bons são solicitados a fazer o mal para a obtenção do bem. Similarmente anjos maus operam o bem para a aquisição do mal, em inumeráveis circunstâncias.
A Voz do Deserto
Dentre os fiéis de Israel, que desde longo tempo esperavam a vinda do Messias, surgiu o precursor de Cristo. O idoso sacerdote Zacarias e Sua esposa Isabel eram "ambos justos perante Deus"; (Luc. 1:6) e em sua vida tranqüila e santa, brilhava a luz da fé como uma estrela entre as trevas daqueles dias maus. A esse piedoso par foi dada a promessa de um filho, o qual havia de "ir ante a face do Senhor, a preparar os Seus caminhos" Luc. 1:76.
Zacarias habitava nas "montanhas da Judéia", mas fora a Jerusalém, para ministrar por uma semana no templo, serviço requerido duas vezes por ano dos sacerdotes de todas as turmas. "E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem de sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do Senhor para oferecer incenso" Luc. 1:8 e 9.
Achava-se ele diante do altar de ouro, no lugar santo do santuário. A nuvem de incenso ascendia perante Deus, com as orações de Israel. Súbito, sentiu-se consciente da presença divina. Um anjo do Senhor achava-se "em pé, à direita do altar do incenso" Luc. 1:11. A posição do anjo era uma indicação de favor, mas Zacarias não reparou nisso. Por muitos anos orara pela vinda do Redentor; agora o Céu enviara seu mensageiro para anunciar que essas orações estavam prestes a ser atendidas; a misericórdia de Deus, porém, parecia-lhe demasiadamente grande para ele acreditar. Encheu-se de temor e condenação própria.
Foi, no entanto, saudado com a alegre promessa: "Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João; e terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento. Porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo.... E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus. E irá adiante dEle no espírito de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos; com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Disse então Zacarias ao anjo: Como saberei isto? pois já sou velho, e minha mulher avançada em idade." Luc. 1:13-18.
Zacarias bem sabia como fora dado a Abraão um filho em sua velhice, porque ele crera fiel Aquele que prometera. Por um momento, porém, o velho sacerdote volvera os pensamentos para a fraqueza da humanidade. Esqueceu-se de que Deus é capaz de cumprir aquilo que promete. Que contraste entre essa incredulidade, e a fé simples e infantil de Maria, a donzela de Nazaré, cuja resposta ao maravilhoso anúncio do anjo, foi: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra." Luc. 1:38.
O nascimento de um filho a Zacarias, como o do filho de Abraão, e o de Maria, visava ensinar uma grande verdade espiritual, verdade que somos tardios em aprender e prontos a esquecer. Somos por nós mesmos incapazes de fazer qualquer bem; mas o que não somos capazes de fazer, o poder de Deus há de operar em toda alma submissa e crente. Por meio da fé foi dado o filho da promessa. Mediante a fé é gerada a vida espiritual, e somos habilitados a realizar as obras da justiça.
À pergunta de Zacarias, disse o anjo: "Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegres novas." Luc. 1:19. Quinhentos anos antes, Gabriel dera a conhecer a Daniel o período profético que se devia estender até à vinda de Cristo. O conhecimento de que o fim desse período estava próximo, movera a Zacarias a orar pelo advento do Redentor. Agora, o próprio mensageiro por meio de quem a profecia fora dada, viera anunciar o seu cumprimento.
As palavras do anjo: "Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus", mostram que ocupa posição de elevada honra, nas cortes celestiais. Quando viera com uma mensagem para Daniel, dissera: "Ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, a não ser Miguel [Cristo], vosso príncipe." Dan. 10:21. De Gabriel, diz o Salvador em Apocalipse: "Pelo Seu anjo as enviou, e as notificou a João Seu servo." Apoc. 1:1. E a João o anjo declarou: "Eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas." Apoc. 22:9. Maravilhoso pensamento - que o anjo que ocupa, em honra, o lugar logo abaixo do Filho de Deus, é o escolhido para revelar os desígnios de Deus a homens pecadores.
Zacarias exprimira dúvida quanto às palavras do anjo. Não falaria outra vez enquanto elas não se cumprissem. "Eis", disse o anjo, "que ficarás mudo,... até ao dia em que estas coisas aconteçam." Luc. 1:20. Era dever do sacerdote, nesse serviço, orar pelo perdão dos pecados públicos e nacionais, e pela vinda do Messias; quando, porém, Zacarias tentou fazer isso, não podia emitir uma palavra.
Saindo para abençoar o povo, "falava por acenos, e ficou mudo". Haviam-no esperado muito, e começado a temer que houvesse sido ferido pelo juízo de Deus. Mas ao sair do lugar santo, seu rosto resplandecia com a glória de Deus, "e entenderam que tinha visto alguma visão no templo". Zacarias comunicou-lhes o que vira e ouvira; e "terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa". Luc. 1:22 e 23.
Pouco depois do nascimento da prometida criança, a língua do pai se desprendeu, "e falava, louvando a Deus. E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram divulgadas todas estas coisas. E todos os que as ouviam
as conservavam em seus corações dizendo: Quem será pois esse menino?" Luc. 1:64-66. Tudo isso tendia a chamar a atenção para a vinda do Messias, ao qual João devia preparar o caminho.
O Espírito Santo repousou sobre Zacarias, e ele profetizou, por estas belas palavras, a missão de seu filho:
"E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo,
porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os Seus caminhos;
para dar ao Seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados;
pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus,
com que o Oriente do alto nos visitou;
para alumiar aos que estão assentados em trevas e sombra de morte;
a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz." Luc. 1:76-79.
"E o menino crescia, e se robustecia em espírito. E esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel". Luc. 1:80. Antes do nascimento de João, o anjo dissera: "Será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo". Luc. 1:15. Deus chamara o filho de Zacarias para uma grande obra, a maior já confiada a homens. A fim de cumprir essa obra, precisava de que o Senhor com ele cooperasse. E o Espírito de Deus seria com ele, caso desse ouvidos às instruções do anjo.
João devia ir como mensageiro de Jeová, para levar aos homens a luz de Deus. Devia imprimir-lhes nova direção aos pensamentos. Devia impressioná-los com a santidade dos reclamos divinos, e sua necessidade da perfeita justiça de Deus. Esse mensageiro tem que ser santo. Precisa ser um templo para a presença do Espírito de Deus. A fim de cumprir sua missão, deve ter sã constituição física, bem como resistência mental e espiritual. Era, portanto, necessário que regesse os apetites e paixões. Deveria ser por forma tal capaz de dominar suas faculdades, que pudesse estar entre os homens, tão inabalável ante as circunstâncias ambientes, como as rochas e montanhas do deserto.
Ao tempo de João Batista, a cobiça das riquezas e o amor do luxo e da ostentação se haviam alastrado. Os prazeres sensuais, banquetes e bebidas, estavam causando moléstias e degeneração física, amortecendo as percepções espirituais, e insensibilizando ao pecado. João devia assumir a posição de reformador. Por sua vida abstinente e simplicidade de vestuário, devia constituir uma repreensão para sua época. Daí as instruções dadas aos pais de João - uma lição de temperança dada por um anjo do trono do Céu.
Na infância e mocidade, o caráter é extremamente impressionável. Deve ser adquirido então o domínio próprio. Exercem-se, no círculo de família, ao redor da mesa, influências cujos resultados são duradouros como a eternidade. Acima de quaisquer dotes naturais, os hábitos estabelecidos nos primeiros anos decidem se a pessoa será vitoriosa ou vencida na batalha da vida. A juventude é o tempo da semeadura. Determina o caráter da colheita, para esta vida e para a outra.
Como profeta, João devia "converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes às prudência dos justos; com o fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto". Preparando o caminho para o primeiro advento de Cristo, era representante dos que têm que preparar um povo para a segunda vinda de nosso Senhor. O mundo está entregue à condescendência com as próprias inclinações. Está cheio de erros e fábulas. Multiplicam-se os ardis de Satanás para destruir as almas. Todos quantos querem aperfeiçoar a santidade no temor de Deus, têm que aprender as lições da temperança e do domínio próprio. Os apetites e paixões devem ser mantidos em sujeição às mais elevadas faculdades do espírito. Esta autodisciplina é essencial àquela resistência mental e visão espiritual que nos habilitarão para compreender e praticar as sagradas verdades da Palavra de Deus. É por esta razão que a temperança tem seu lugar na obra de preparação para a segunda vinda de Cristo.
Segundo a ordem natural, o filho de Zacarias teria sido educado para o sacerdócio. A educação das escolas dos rabis, no entanto, tê-lo-ia incapacitado para sua obra. Deus não o mandou aos mestres de teologia para aprender a interpretar as Escrituras. Chamou-o ao deserto, a fim de aprender acerca da natureza, e do Deus da natureza.
Foi numa região isolada que encontrou seu lar, em meio de despidas colinas, ásperos barrancos e cavernas das rochas. Preferiu, porém, renunciar às diversões e luxos da vida pela rigorosa disciplina do deserto. Ali, o ambiente era propício aos hábitos de simplicidade e abnegação. Não perturbado pela agitação do mundo, poderia estudar as lições da natureza, da revelação e da Providência. As palavras do anjo a Zacarias haviam sido muitas vezes repetidas a João por seus piedosos pais. Desde a infância fora-lhe conservada diante dos olhos a missão a ele confiada e aceitara o sagrado depósito. Para ele, a solidão do deserto era um convidativo lugar de escape da sociedade quase geralmente contaminada de suspeita, incredulidade e impureza. Desconfiava de suas
forças para resistir à tentação, e fugia do constante contato com o pecado, não viesse a perder o sentimento de sua inexcedível culpabilidade.
Dedicado a Deus como nazireu desde o nascimento, fez por si mesmo o voto de uma consagração de toda a vida. Vestia-se como os antigos profetas, duma túnica de pêlo de camelo, presa por um cinto de couro. Comia "gafanhotos e mel silvestre", achados no deserto, e bebia a água pura que vinha das montanhas.
A vida de João não era, entretanto, passada em ociosidade, em ascética tristeza, em isolamento egoísta. Ia de tempos a tempos misturar-se com os homens; e era sempre observador interessado do que se passava no mundo. De seu quieto retiro, vigiava o desdobrar dos acontecimentos. Com a iluminada visão facultada pelo Espírito divino, estudava o caráter dos homens, a fim de saber como lhes chegar ao coração com a mensagem do Céu. Pesava sobre ele a responsabilidade de sua missão. Meditando e orando, na solidão, buscava cingir a alma para a obra de sua vida. Se bem que habitando no deserto, não estava livre de tentações. Cerrava, quanto possível, toda entrada a Satanás; não obstante, assaltava-o ainda o tentador. Sua percepção espiritual, porém, era clara; desenvolvera resistência de caráter e decisão e, mediante o auxílio do Espírito Santo, era habilitado a pressentir a aproximação de Satanás, e resistir-lhe ao poder.
João encontrou no deserto sua escola e santuário. Qual Moisés entre as montanhas de Midiã, era circundado da presença de Deus, e das demonstrações de Seu poder. Não teve, como o grande líder de Israel, a sorte de habitar entre a solene majestade da solidão das montanhas; achavam-se, porém, diante dele as alturas de Moabe, além do Jordão, a falar-lhe dAquele que firmara os montes, cingindo-os de fortaleza. O triste e terrível aspecto da natureza no deserto em que morava, pintava vivamente o estado de Israel. A frutífera vinha do Senhor, tornara-se em desolada ruína. Sobre o deserto, no entanto, curvava-se o céu luminoso e belo. As nuvens que se acumulavam, com o negror da tempestade, eram aureoladas pelo arco-íris da promessa. Assim, por sobre a degradação de Israel, brilhava a prometida glória do reino do Messias. As nuvens da ira eram emparelhadas pelo arco-íris do Seu misericordioso concerto.
Sozinho, no silêncio da noite, lia a promessa feita por Deus a Abraão, de uma semente tão inumerável como as estrelas. A luz da aurora, dourando as montanhas de Moabe, falava-lhe dAquele que havia de ser "como a luz da manhã quando sai o Sol, da manhã sem nuvens". II Sam. 23:4. E no brilho do meio-dia via o esplendor de Sua revelação, quando "a glória do Senhor" se manifestar, "e toda carne juntamente" a vir. Isa. 40:5.
Num misto de respeito e regozijo, examinava nos rolos dos profetas as revelações da vinda do Messias - a Semente prometida que haveria de esmagar a cabeça da serpente; Siló, "o doador da paz", que deveria aparecer antes de um rei deixar de reinar sobre o trono de Davi. Agora chegara o tempo. No palácio do monte de Sião senta-se um governador romano. Segundo a firme palavra do Senhor, o Cristo já nascera.
As arrebatadas descrições da glória do Redentor por Isaías, eram dia e noite objeto de estudo de sua parte - o Rebento do tronco de Jessé; um Rei que reinará em justiça, julgando "com eqüidade os mansos da Terra" (Isa 11:4); "um refúgio contra a tempestade, ... a sombra de uma grande rocha em terra sedenta" (Isa. 32:2); Israel não mais sendo chamado "Desamparada", nem sua terra "Assolada", mas chamado pelo Senhor "o Meu Prazer", e Sua terra "Desposada". Isa. 62:4. O coração do solitário exilado enchia-se de gloriosa visão.
Contemplou o Rei em Sua beleza, e o próprio eu foi esquecido. Via a majestade da santidade, e sentiu-se ineficiente e indigno. Estava disposto a ir como mensageiro do Céu, não atemorizado pelo humano, pois contemplara o Divino. Podia ficar ereto e destemido em presença de governantes terrestres, porque se prostrara diante do Rei dos reis.
João não compreendia plenamente a natureza do reino do Messias. Esperava que Israel fosse libertado de seus inimigos nacionais; mas a vinda de um Rei em justiça, e o estabelecimento de Israel como nação santa, era o grande objetivo de sua esperança. Assim acreditava se viesse a cumprir a profecia dada em seu nascimento.
"Para...lembrar-Se do Seu santo concerto, ...
Que, libertados da mão de nossos inimigos,
O serviríamos sem temor,
Em santidade e justiça perante Ele, todos os dias de nossa vida".
Via seu povo enganado, satisfeito consigo mesmo e adormecido em pecados. Anelava despertá-los para vida mais santa. A mensagem que Deus lhe dera, destinava-se a acordá-los da letargia, e fazê-los tremer por sua grande iniqüidade. Antes de a semente do evangelho poder encontrar guarida, o solo do coração deveria ser revolvido. Antes de lhes ser possível buscar cura em Jesus, precisavam ser despertados para o perigo que corriam em razão das feridas do pecado.
Deus não manda mensageiros para lisonjear o pecador. Não transmite mensagem de paz para embalar os não santificados numa segurança fatal. Depõe pesados fardos sobre a consciência do malfeitor, e penetra a alma com as setas da convicção. Os anjos ministradores apresentam-lhe os terríveis juízos de Deus para aprofundar o sentimento da necessidade, e instigar ao brado: "Que devo fazer para me salvar?" Então a mão que humilhou até o pó, ergue o penitente. A voz que repreendeu o pecado, e expôs à vergonha o orgulho e a ambição, indaga com a mais terna simpatia: "Que queres que te faça?"
Ao começar o ministério do Batista, a nação achava-se em estado de agitação e descontentamento próximos da revolta. Com a remoção de Arquelau, a Judéia fora posta sob o domínio de Roma. A tirania e extorsão dos governadores romanos, e seus decididos esforços para introduzir símbolos e costumes gentílicos, atearam a revolta, extinta com sangue de milhares dos mais valorosos de Israel. Tudo isso intensificara o ódio nacional contra Roma, e aumentara os anseios de libertação de seu poder.
Entre a discórdia e o conflito, ouviu-se uma voz do deserto, voz vibrante e severa, sim, mas plena de esperança: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos Céus". Com novo e estranho poder sacudia o povo. Os profetas haviam predito a vinda de Cristo como um acontecimento que se achava em futuro muito distante, mas eis ali o aviso de que estava às portas. O singular aspecto de João fazia a mente dos ouvintes reportar-se aos antigos videntes. Nas maneiras e no vestuário, assemelhava-se ao profeta Elias. Com o espírito e poder deste, denunciava a corrupção nacional, e repreendia os pecados dominantes. Suas palavras eram claras, incisivas, convincentes. Muitos acreditavam que fosse um dos profetas ressuscitado. Toda a nação se comoveu. Multidões afluíam ao deserto.
João proclamava a vinda do Messias, e chamava o povo ao arrependimento. Como símbolo da purificação do pecado, batizava-os nas águas do Jordão. Assim, por uma significativa lição prática, declarava que os que pretendiam ser o povo escolhido de Deus estavam contaminados pelo pecado, e sem purificação de coração e vida, não poderiam ter parte no reino do Messias.
Príncipes e rabis, soldados, publicanos e camponeses iam ouvir o profeta. Alarmou-os por algum tempo a solene advertência de Deus. Muitos foram levados ao arrependimento, e receberam o batismo. Pessoas de todas as categorias submeteram-se às exigências do Batista, a fim de participar do reino que anunciava.
Muitos dos escribas e fariseus foram ter com ele, confessando os pecados e pedindo o batismo. Haviam-se exaltado como sendo melhores que os outros homens, levando o povo a ter alta opinião acerca de sua piedade; agora, os criminosos segredos de sua vida eram revelados. Mas João foi impressionado pelo Espírito Santo quando a não terem, muitos desses homens, real convicção do pecado. Eram oportunistas. Esperavam, como amigos do profeta, obter favor diante do Príncipe que haveria de vir. E, recebendo o batismo das mãos desse popular e jovem mestre, pensava fortalecer sua influência para com o povo.
João os enfrentou com a fulminante pergunta: "Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira futura? Produzi pois frutos dignos de arrependimento; e não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão" (Mat. 3:7-9).
Os judeus haviam compreendido mal a promessa de Deus, de dispensar para sempre Seu favor a Israel: "Assim diz o Senhor, que dá o Sol para luz do dia, e as ordenanças da Lua e das estrelas para luz da noite, que fende o mar, e faz bramir as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o Seu nome. Se se desviarem essas ordenanças de diante de Mim, diz o Senhor, deixará também a semente de Israel de ser uma nação diante de Mim para sempre. Assim disse o Senhor: Se puderem ser medidos os céus para cima, e sondados os fundamentos da Terra para baixo, também Eu rejeitarei toda a semente de Israel por tudo quanto fizeram, diz o Senhor". Jer. 31:35-37. Os judeus olhavam a sua descendência natural de Abraão, como lhes dando direito a esta promessa. Deixavam de atender, porém, às condições que Deus estipulara. Antes de dar a promessa dissera: "Porei a Minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração, e Eu serei o seu Deus e eles serão o Meu povo. ... Porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais Me lembrarei dos seus pecados". Jer. 31:33 e 34.
A um povo em cujo coração Sua lei está escrita, é assegurado o favor de Deus. São um com Deus. Mas os judeus se haviam dEle separado. Em razão de seus pecados, estavam sofrendo sob Seus juízos. Era essa a causa de estarem escravizados a uma nação pagã. O espírito deles estava obscurecido pela transgressão, e por lhes haver o Senhor em tempos anteriores mostrado tão grande favor, desculpavam seus pecados. Lisonjeavam-se de ser melhores que os outros homens, e merecedores de Suas bênçãos.
Estas coisas "estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos". I Cor. 10:11. Quantas vezes interpretamos mal as bênçãos de Deus, e nos lisonjeamos de ser favorecidos em virtude de alguma bondade que haja em nós! Deus não pode fazer por nós aquilo que almeja. Seus dons, empregamo-los para nos aumentar a satisfação pessoal, e nos endurecer o coração em incredulidade e pecado.
João declarava aos mestres de Israel que seu orgulho, egoísmo e crueldade demonstravam serem eles uma raça de víboras, uma terrível maldição para o povo, em vez de filhos do justo e obediente Abraão. Em vista da luz que haviam recebido de Deus, eram ainda piores que os gentios, a quem se sentiam tão superiores. Haviam-se esquecido da rocha de onde foram cortados, e da caverna do poço de onde foram cavados. Deus não dependia deles para cumprimento de Seu desígnio. Como chamara a Abraão dentre um povo gentio, assim poderia chamar outros a Seu serviço. O coração destes poderia parecer agora tão morto como as pedras do deserto, mas o Espírito de Deus o poderia vivificar para fazer Sua vontade, e receber o cumprimento da promessa.
"E também", disse o profeta, "já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo". Mat. 3:10. Não por seu nome, mas por seus frutos, é determinado o valor de uma árvore. Se o fruto é sem valor, o nome não pode salvar a árvore da destruição. João declarou aos judeus que sua aceitação diante de Deus era decidida por seu caráter e vida. A declaração de nada valia. Se sua vida e caráter não estivessem em harmonia com a lei de Deus, não eram seu povo.
Sob a influência das penetrantes palavras de João, os ouvintes sentiam-se convictos. Chegavam-se a ele com a interrogação: "Que faremos pois?" Ele respondia: "Quem tiver duas túnicas, reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, faça da mesma maneira". Luc. 3:10 e 11. E advertia os publicanos contra a injustiça, e os soldados contra a violência.
Todos quantos se houvessem de tornar súditos do reino de Cristo, tinham que dar demonstrações de fé e arrependimento. Bondade, honestidade e fidelidade se manifestariam na vida dessas pessoas. Ajudariam os necessitados, e levariam a Deus suas ofertas. Defenderiam os desamparados, dando exemplo de virtude e compaixão. Assim os seguidores de Cristo darão provas do poder transformador do Espírito Santo. Revelar-se-ão na vida diária justiça, misericórdia e amor de Deus. Do contrário, são como palha, que se lança ao fogo.
"Eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento", disse João, "mas Aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu; cujas alparcas não sou digno de levar; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo". Mat. 3:11. O profeta Isaías declarara que o Senhor purificaria o Seu povo de suas iniqüidades "com o espírito de justiça, e com o espírito de ardor" Isa. 4:4. As palavras do Senhor a Israel, eram: "E porei contra ti a Minha mão, e purificarei inteiramente as tuas escórias; e tirar-te-ei toda a impureza." Isa. 1:25. Para o pecado, onde quer que se encontre, "nosso Deus é um fogo consumidor". Heb. 12:29. O Espírito de Deus consumirá pecado em todos quantos se submeterem a Seu poder. Se os homens, porém, se apegarem ao pecado, ficarão com ele identificados. Então a glória de Deus, que destrói o pecado, tem que destruí-los. Depois de sua noite de luta com o anjo, Jacó exclamou: "Tenho visto a Deus face a face e a minha alma foi salva". Gên. 32:30. Jacó fora culpado de um grande pecado em sua conduta para com Esaú; mas arrependera-se. Sua transgressão fora perdoada, e seu pecado purificado; podia, portanto, suportar a revelação da presença de Deus. Mas sempre que os homens chegaram à presença dEle, enquanto voluntariamente nutrindo o mal, foram destruídos. Por ocasião do segundo advento de Cristo, os ímpios hão de ser consumidos "pelo assopro da Sua boca", e aniquilados "pelo resplendor da Sua vinda". II Tess. 2:8. A luz da glória de Deus, que comunica vida aos justos, matará os ímpios.
No tempo de João Batista, Cristo estava prestes a Se manifestar como o revelador do caráter de Deus. Sua própria presença tornaria aos homens manifesto o seu pecado. Somente em virtude da boa vontade da parte deles para serem purificados do pecado, podiam entrar em comunhão com Jesus. Só os puros de coração podiam permanecer em Sua presença.
Assim declarava o Batista a mensagem de Deus a Israel. Muitos deram ouvidos a suas instruções. Muitos sacrificaram tudo, a fim de obedecer. Multidões seguiam a esse novo mestre de um lugar para outro, e não poucos nutriam a esperança de que fosse o Messias. Mas, vendo João o povo voltar-se para ele, buscava todas as oportunidades de encaminhar-lhes a fé para Aquele que haveria de vir.
terça-feira, 27 de setembro de 2011
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Dias de Luta
Desde os mais tenros anos, a criança judia era rodeada das exigências dos rabinos. Rígidas regras se prescreviam para cada ato até as mais pequeninas minúcias da vida. Sob a direção dos mestres das sinagogas, os jovens eram instruídos nos inúmeros regulamentos que, como israelitas ortodoxos, se esperava que observassem. Jesus, porém, não Se interessava nessas coisas. Desde a infância agia independentemente das leis dos rabinos. As Escrituras do Antigo Testamento eram Seu constante estudo, e as palavras "Assim diz o Senhor", Lhe estavam sempre nos lábios.
À medida que as condições do povo começaram a ser patentes ao Seu espírito, viu que as exigências da sociedade e as de Deus se achavam em constante conflito. Os homens se estavam afastando da Palavra de Deus, e exaltando teorias de sua própria invenção. Observavam ritos tradicionais que nenhuma virtude possuíam. Seu culto era simples rotina de cerimônias; as sagradas verdades que se destinavam a ensinar, achavam-se ocultas aos adoradores. Via Jesus que, em seus cultos destituídos de fé, não encontravam paz. Não conheciam a liberdade de espírito que lhes adviria de servir a Deus em verdade. Jesus viera para ensinar a significação do culto de Deus, e não podia sancionar a mistura de exigências humanas com os divinos preceitos. Não atacava os preceitos ou práticas dos doutos mestres; mas quando O reprovavam por Seus próprios hábitos simples, apresentava a Palavra de Deus em justificação de Sua conduta.
Por todos os meios brandos e submissos, procurava Jesus agradar àqueles com quem estava em contato. Por ser tão amável, nunca estorvando a ninguém, os escribas e anciãos julgavam que seria facilmente influenciado por seus ensinos. Insistiam com Ele para que aceitasse as máximas e tradições que haviam sido transmitidas dos antigos rabis, mas Jesus pedia para as mesmas a autorização da Santa Escritura. Estava pronto a ouvir toda palavra que sai da boca de Deus; não podia, entretanto, obedecer às invenções dos homens. Parecia conhecer as Escrituras de princípio a fim, e apresentava-as em sua verdadeira significação. Os rabis envergonhavam-se de ser ensinados por uma criança. Pretendiam ser seu ofício explicar as Escrituras, e a Ele competia aceitar-lhes as interpretações. Indignavam-se de que Se pusesse em oposição à palavra deles.Sabiam os rabinos que nenhuma autoridade se podia encontrar nas Escrituras para suas tradições. Compreendiam que, em entendimento espiritual, Jesus Se achava muito além deles. Zangavam-se, no entanto, porque não lhes obedecia aos ditames. Não podendo convencê-Lo, buscaram José e Maria, expondo-lhes Sua atitude de insubmissão. Assim sofreu Ele repreensão e censura.
Desde mui tenra idade, começara Jesus a agir por Si na formação de Seu caráter, e nem mesmo o respeito e o amor aos pais O podiam desviar de obedecer à Palavra de Deus. "Está escrito", era Sua razão para cada ato que destoasse dos costumes domésticos. A influência dos rabinos, porém, tornou-Lhe amarga a vida. Mesmo na mocidade teve que aprender a dura lição do silêncio e da paciência no sofrimento.
Seus irmãos, como eram chamados os filhos de José, tomavam o lado dos rabinos. Insistiam em que a tradição deveria ser atendida, como se fossem ordens divinas. Consideravam até os preceitos dos homens como mais altos que a Palavra de Deus, e ficavam sobremaneira aborrecidos com a clara penetração de Jesus em distinguir entre o falso e o verdadeiro. Sua estrita obediência à lei de Deus, condenavam como obstinação. Ficavam surpreendidos do conhecimento e sabedoria que revelava em Suas respostas aos rabis. Sabiam que não recebera instruções dos sábios e, no entanto, não podiam deixar de ver que era para eles um instrutor. Reconheciam que Sua educação era de mais alta ordem que a deles próprios. Não discerniam, entretanto, que havia tido acesso à árvore da vida, fonte de saber para eles desconhecida.
Cristo não tinha espírito de exclusivismo, e escandalizara especialmente os fariseus por Se afastar a esse respeito de seus rígidos regulamentos. Encontrara os domínios da religião cercados de alta muralha de exclusivismo, como assunto demasiado santo para a vida diária. Esses muros de divisão, Ele os derribou. Em Seu trato com os homens, não indagava: Qual é seu credo? a que igreja pertence? Exercia Seu poder de beneficiar em favor de todos os que necessitassem de auxílio. Em lugar de fechar-Se numa cela de eremita a fim de mostrar Seu caráter celestial, trabalhava fervorosamente pela humanidade. Incutia o princípio de não consistir a religião bíblica em mortificações corporais. Ensinava que a religião pura e incontaminada não se deve manifestar apenas em determinados tempos e ocasiões especiais. Em todos os tempos e lugares demonstrava amorável interesse pelos homens, irradiando em torno a luz de uma animosa piedade. Tudo isso era uma censura aos fariseus. Mostrava que a religião não consiste em egoísmo, e que sua mórbida dedicação ao interesse pessoal estava longe de ser verdadeira piedade. Isso despertara a inimizade deles para com Jesus, de modo a buscarem forçá-Lo a conformar-Se com seus regulamentos.
Jesus trabalhava para aliviar todo caso de sofrimento que via. Pouco dinheiro tinha para dar, mas privava-Se muitas vezes de alimento, a fim de diminuir a necessidade dos que pareciam mais carecidos que Ele. Seus irmãos sentiam que Sua influência ia longe em anular a deles. Era dotado de tato que nenhum deles possuía, nem desejava obter. Quando falavam asperamente aos pobres e degradados, Jesus procurava exatamente aqueles seres, dirigindo-lhes palavras de animação. Aos que estavam em necessidade, oferecia um copo de água fria e punha-lhes no regaço Sua própria refeição. Aliviando-lhes os sofrimentos, as verdades que ensinava eram associadas a esses atos de misericórdia, sendo assim fixadas na memória.
Tudo isso desgostava os irmãos. Sendo mais velhos que Jesus, achavam que Ele devia estar sob sua direção. Acusavam-nO de Se julgar superior a eles, e O reprovavam por Se colocar acima dos mestres, e dos sacerdotes e príncipes do povo. Muitas vezes O ameaçavam e procuravam intimidá-Lo; mas Ele seguia avante, tomando por guia as Escrituras.
Jesus amava Seus irmãos e os tratava com incansável bondade, mas eles tinham-Lhe ciúmes, manifestando a mais decidida incredulidade e desdém. Não Lhe podiam entender o procedimento. Grandes eram as contradições que se manifestavam em Jesus.
Filho de Deus, era no entanto impotente criança. Criador dos mundos, a Terra era possessão Sua, e todavia cada passo de Sua existência foi assinalado pela pobreza. Possuía dignidade e individualidade inteiramente isentas de orgulho terreno ou presunção; não lutava por grandeza mundana e achava-se contente até na mais humilde posição. Isso irritava os irmãos. Não podiam explicar Sua constante serenidade sob provação e privações. Não sabiam que, por amor de nós, Se tornara pobre, para que "pela Sua pobreza enriquecêssemos". II Cor. 8:9. Não compreendiam melhor o mistério de Sua missão, do que os amigos de Jó entendiam sua humilhação e sofrimentos.
Jesus era malcompreendido dos irmãos, em virtude de não Se assemelhar a eles. Sua norma não era a deles. Olhando aos homens via-os afastados de Deus, sem o poder divino em sua vida. As formas de religião que observavam, não lhes podiam transformar o caráter. Dizimavam a "hortelã, o endro e o cominho", mas omitiam "o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé". Mat. 23:23. O exemplo de Jesus era-lhes contínua irritação. Não aborrecia Ele senão uma coisa no mundo, e isso era o pecado. Não podia testemunhar uma ação injusta, sem uma dor que Lhe não era possível disfarçar. Entre os formalistas, cuja aparência de santidade ocultava o amor do pecado, e um caráter em que o zelo da glória de Deus constituía a suprema preocupação, era flagrante o contraste. Como a vida de Jesus condenasse o mal, encontrava Ele oposição, tanto em casa como fora. Sua abnegação e integridade eram comentadas zombeteiramente. Sua paciência e bondade, classificavam-nas como covardia.
Da amargura que cabe em sorte à humanidade, não houve quinhão que Jesus não provasse. Não faltou quem procurasse lançar sobre Ele desprezo por causa de Seu nascimento, e mesmo na infância teve de enfrentar olhares desdenhosos e ruins murmurações. Houvesse respondido com uma palavra ou olhar impaciente, houvesse cedido aos irmãos em um único ato errado que fosse, e teria fracassado em ser exemplo perfeito. Tivesse admitido haver uma desculpa para o pecado, e Satanás triunfaria, ficando o mundo perdido. Foi por isso que o tentador trabalhou para tornar-Lhe a vida o mais probante possível, a fim de que fosse levado a pecar.
Para cada tentação, porém, tinha uma única resposta: "Está escrito". Raramente censurava qualquer mau procedimento dos irmãos, mas tinha uma palavra de Deus para lhes dirigir. Era freqüentemente acusado de covardia por negar-Se a unir-se-lhes em algum ato proibido; Sua resposta, no entanto, era: Está escrito: "O temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é a inteligência". Jó 28:28.
Alguns havia que O buscavam, sentindo-se em paz em Sua presença; muitos, no entanto, O evitavam, pois se sentiam reprovados por Sua vida imaculada. Os jovens companheiros insistiam em que fizesse como eles. Jesus era inteligente e animoso; gostavam de Sua companhia, e aceitavam-Lhe as prontas sugestões; mas impacientavam-se com Seus escrúpulos, e declaravam-nO estrito e rígido. Jesus respondia: Está escrito: "Como purificará o mancebo o seu caminho? observando-o conforme a Tua palavra". "Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti". Sal. 119:9 e 11.
Perguntavam-Lhe muitas vezes: Por que Te aplicas a ser tão singular, tão diferente de todos nós? Está escrito, dizia Ele: "Bem-aventurados os que trilham caminhos retos, e andam na lei do Senhor. Bem-aventurados os que guardam os Seus testemunhos, e O buscam de todo o coração. E não praticam iniqüidade, mas andam em Seus caminhos". Sal. 119:1-3.
Quando interrogado acerca do motivo por que não tomava parte no frívolos passatempos dos jovens de Nazaré, dizia: Está escrito: "Folgo mais com o caminho dos Teus testemunhos, do que com todas as riquezas. Em Teus preceitos meditarei, e olharei para os Teus caminhos. Recrear-me-ei nos Teus estatutos: não me esquecerei da Tua palavra". Sal. 119:14-16.
Jesus não contendia por Seus direitos. Muitas vezes, por ser voluntário e não Se queixar, Seu trabalho era tornado desnecessariamente penoso. No entanto, não fracassava nem ficava desanimado. Vivia acima dessas dificuldades, como à luz da face de Deus. Não Se vingava, quando rudemente tratado, mas sofria com paciência o insulto.
Repetidamente Lhe era perguntado: Por que Te submetes a tão maligno tratamento, até de Teus irmãos? Está escrito, dizia: "Filho Meu, não te esqueças da Minha lei e o teu coração guarde os Meus mandamentos. Porque eles aumentarão os teus dias, e te acrescentarão anos de vida e paz. Não te desamparem a benignidade e a fidelidade: ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração. E acharás graça e bom entendimento aos olhos de Deus e dos homens". Prov. 3:1-4.
Desde a ocasião em que os pais de Jesus O acharam no templo, Seu modo de agir foi para eles mistério. Ele não entrava em discussão, todavia o exemplo que dava era uma lição constante.
Parecia como pessoa separada. Sua felicidade encontrava-se nas horas em que estava a sós com Deus e a natureza. Sempre que Lhe era concedido esse privilégio, afastava-Se do cenário de Seus labores, e ia para o campo, a meditar nos verdes vales, a entreter comunhão com Deus na encosta da montanha ou entre as árvores da floresta. O alvorecer freqüentemente O encontrava em qualquer lugar retirado, meditando, examinando as Escrituras, ou em oração. Dessas horas quietas voltava para casa, a fim de retomar Seus deveres e dar exemplos de paciente labor.
A vida de Cristo foi assinalada pelo respeito e o amor à Sua mãe. Maria acreditava em seu coração que a santa Criança dela nascida, era o tão longamente prometido Messias; não ousava, entretanto, exprimir essa fé. Foi, através de sua existência terrestre, uma partilhadora dos sofrimentos do Filho. Com dor testemunhava as provações que Lhe sobrevinham na infância e juventude. Por justificar o que sabia ser direito em Seu procedimento, via-se ela própria em situações difíceis. Considerava as relações domésticas, e a terna solicitude da mãe em torno dos filhos, de vital importância na formação do caráter. Os filhos e filhas de José sabiam isto e, prevalecendo-se de sua ansiedade, procuravam corrigir as atitudes de Jesus segundo norma deles.
Maria argumentava muitas vezes com Jesus, e insistia em que se conformasse com os usos dos rabis. Ele, porém, não podia ser persuadido a mudar Seus hábitos de contemplar as obras de Deus e buscar aliviar os sofrimentos dos homens ou mesmo dos mudos animais. Quando os sacerdotes e mestres solicitavam o auxílio de Maria em dirigir Jesus, ficava grandemente perturbada; o coração tranqüilizava-se-lhe, porém, quando Ele lhe apresentava as declarações das Escrituras em apoio de Seu proceder.
Por vezes ela vacilava entre Jesus e Seus irmãos, que não criam ser Ele o Enviado de Deus; no entanto, abundantes eram as provas de ser divino o Seu caráter. Ela O via sacrificar-Se pelo bem dos outros. Sua presença criava em casa uma atmosfera mais pura, e Sua vida era como um fermento operando entre os elementos da sociedade. Puro e incontaminado, andava entre os excluídos, os rudes, os descorteses; entre injustos publicanos, ímpios samaritanos, soldados pagãos, rústicos camponeses e a multidão mista. Dirigia aqui e ali uma palavra de simpatia, ao ver criaturas fatigadas, vergadas ao peso de duras cargas. Partilhava de seus fardos, e revelava-lhes as lições que aprendera da natureza acerca do amor, da benevolência e bondade de Deus.
Ensinava todos a se considerarem dotados de preciosos talentos, os quais, se devidamente empregados, lhes adquiririam riquezas eternas. Extirpava da vida toda vaidade, ensinando também, pelo próprio exemplo, que cada momento de tempo se acha carregado de resultados eternos; que deve ser apreciado como um tesouro, e empregado para fins santos. Não considerava ninguém indigno, mas buscava aplicar a toda alma o remédio salvador. Em qualquer companhia que Se encontrasse, apresentava uma lição adequada ao tempo e às circunstâncias. Buscava inspirar a esperança nos mais ásperos e menos prometedores, dando-lhes a certeza de que se poderiam tornar irrepreensíveis e inocentes, adquirindo caráter que demonstraria serem eles filhos de Deus. Encontrava freqüentemente pessoas que viviam sob o poder de Satanás, e não possuíam forças para romper-lhe as malhas. A essas almas, desanimadas, enfermas, tentadas e caídas, Jesus costumava dirigir palavras da mais terna compaixão, palavras cuja necessidade era sentida, e que podiam ser apreciadas. Outros deparava Ele que se achavam empenhados em renhida luta contra o adversário das almas. A esses animava a perseverar, assegurando-lhes que haviam de vencer; pois tinham a seu lado anjos de Deus, que lhes dariam a vitória. Aqueles a quem assim ajudava convenciam-se de que havia Alguém em quem podiam confiar plenamente. Ele não trairia os segredos que Lhe desafogassem nos compassivos ouvidos.
Jesus era o médico do corpo, da mesma maneira que o era da alma. Interessava-Se em todos os aspectos de sofrimento que se Lhe apresentavam, e proporcionava alívio a todos, havendo em Suas palavras o efeito de um bálsamo suavizador. Ninguém podia dizer que houvesse operado um milagre; mas virtude - o poder curativo do amor - dEle saía para os enfermos e aflitos. Assim, de maneira discreta, trabalhava pelo povo já desde a infância. E foi por isso que, ao começar Seu ministério público, tantos havia que O escutavam alegremente.
Todavia, Jesus atravessou sozinho a infância, a mocidade e os anos varonis. Em Sua pureza e fidelidade, pisou sozinho o lagar, e do povo ninguém havia com Ele. Carregou o tremendo peso da responsabilidade pela salvação dos homens. Sabia que, a menos que houvesse decidida mudança nos princípios e desígnios da raça humana, todos estariam perdidos. Isso era o peso de Sua alma, e ninguém podia avaliar a carga que sobre Ele repousava. Cheio de ardente propósito, realizou o objetivo de Sua vida, a fim de servir de luz aos homens.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Cremos na Bíblia
A Bíblia tem todas as respostas, solução para seus problemas...
A Bíblia não pode ser somente um amuleto em sua casa... ela deve ser seu guia...
O que significa “Casa do Tesouro”?
Deus disse: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento em Minha casa”. Malaquias 3:10
Quando Salomão construiu o templo, várias salas ou câmaras foram construídas para diversos fins. Veja o que diz 1o Reis 6:5: “Contra a parede da casa, tanto do santuário como do santo dos santos, edificou andares e ao redor fez câmaras laterais ao redor”.
Estas dependências, por exemplo, eram usadas como abrigo para os cantores que apresentariam suas músicas – “fora da porta interior estavam duas câmaras dos cantores, no átrio de dentro...”. Ezequiel 40:44.
Os guardas também ocupavam uma sala, “toda a vez que o rei entrava na casa do Senhor, os da guarda usavam os escudos e tornavam a trazê-los para a câmara da guarda”. I Reis 14:22
Entre as muitas salas ou câmaras construídas, uma delas era usada para depositar o dízimo que não era composto apenas de moedas, mas também de produtos agrícolas. O dízimo era entregue e guardado. Neemias usa a expressão “casa do tesouro” para falar de uma destas câmaras ou salas onde eram depositados os dízimos. “O sacerdote filho de Arão, estaria com os levitas quando estes recebessem os dízimos, e os levitas traziam os dízimos dos dízimos à casa do nosso Deus, às câmaras da casa do tesouro”. Neemias 10:38
Era uma espécie de tesouraria. Portanto, “casa do tesouro” é uma expressão para designar primeiramente o lugar ou espaço, onde o dízimo deveria ser guardado.
King James Version traduziu a expressão de Malaquias 3 como “celeiro ou lugar onde cereais eram depositados”, já que grande parte dos dízimos eram grãos.
Levar à “Casa do Tesouro” significa devolver o dízimo no lugar designado.
Quando lemos Malaquias 3:10 em outras versões, encontramos uma linguagem mais clara:
“Eu, o Deus todo poderoso, ordeno que tragam todos os seus dízimos aos depósitos do templo, para que haja bastante comida em Minha casa”. B.L.H.
Tragam todos os dízimos aos depósitos do templo, para haver alimentos suficientes em minha casa”. Bíblia Viva
“Cumprirei os meus votos ao Senhor na presença de todo o Seu povo, nos átrios da Casa do Senhor... “ – Salmos 116:18-19.
Fica claro que “Casa do Tesouro” era o templo, santuário, tabernáculo.
Os dízimos devem ser entregues à Igreja para manutenção da pregação do Evangelho.
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Qual é a posição da Bíblia com relação ao vinho?
Jesus bebia vinho?
No Velho Testamento há duas palavras hebraicas geralmente empregadas para designar o vinho:
- YAYIN - que se refere a suco fermentado de uvas e
- TIROSH - que se refere a vinho doce, fresco, sem fermento, não alcoolizado.
Por exemplo, no Salmo 104:15; Provérbios 20:1; Isaías 5:11 e Habacuque 2:5, se empregam a palavra YAYIN, vinho fermentado.
Há um caso curioso em Isaías 25:6 sobre vinho clarificado, sem borras. Era um vinho que devia ser filtrado antes de ser usado.
A palavra TIROSH geralmente designa suco de uvas ou outras frutas, embora, algumas vezes e raramente, indica mosto, que é o suco em fase de fermentação. Assim em Gên. 27:37; Números 18:12. etc.
Outra bebida intoxicante mencionada no Velho Testamento é o SHEKAR, feito de grãos fermentados, mel ou tâmara. É geralmente traduzido por “bebida forte”.
No Novo Testamento há três palavras gregas que são traduzidas por “vinho”.
A mais usada é OINOS; as duas outras palavras são empregadas apenas uma vez, fazendo alusão ao vinho fermentado (em Lucas 1:15 e Atos 2:13).
OINOS pode tanto se referir à bebida inebriante como ao suco de uvas ou xarope. Esse xarope era obtido pela fervura do suco até tornar-se como o mel, e então guardado em vasos para uso futuro. Numa região de clima quente, essa era a forma de conservar o derivado de uva para consumo posterior, sem que ocorresse a fermentação. Esse xarope diluído em água quente ou fria, era a bebida preferida nos tempos de Jesus.
Como a palavra grega não define se o vinho era fermentado ou não, com muito bom senso deve-se considerar o contexto em que a palavra se encontra.
Na casa onde ocorre o casamento em Caná da Galiléia, por exemplo, é inconcebível que Jesus, após o recebimento do Espírito Santo, haja em Seu primeiro milagre, produzido bebidas alcoólicas, pois elas são, segundo a Bíblia o maior oponente da vida do Espírito. Em Efésios 5:18 diz: “Não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”.
Tampouco, em hipótese alguma, Cristo, o Senhor da Vida, produziria vinho fermentado ou o usaria na Ceia, pois a fermentação representa uma corrupção da bebida natural, e isso arruinaria o símbolo da Comunhão.
A Visita Pascoal
Entre os judeus, os doze anos eram a linha divisória entre a infância e a juventude. Ao completar esta idade, um menino hebreu era considerado filho da lei, e também filho de Deus. Eram-lhe dadas especiais oportunidades para instruções religiosas, e esperava-se que participasse das festas e observâncias sagradas. Foi em harmonia com esse costume, que Jesus fez em Sua meninice a visita pascoal a Jerusalém. Como todos os israelitas devotos, José e Maria iam todos os anos assistir à Páscoa; e quando Jesus havia atingido a necessária idade, levaram-nO consigo.
Havia três festividades anuais - a Páscoa, o Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos - festas em que todos os homens de Israel tinham ordem de comparecer perante o Senhor em Jerusalém. Destas, era a Páscoa a mais concorrida. Havia presentes muitos de todos os países por onde os judeus tinham sido espalhados. De todas as partes da Palestina, vinham os adoradores em grande número. A viagem da Galiléia levava diversos dias, e os viajantes reuniam-se em grandes grupos, já pela companhia, já pela proteção. As mulheres e os homens de idade viajavam em bois e asnos, pelos acidentados e pedregosos caminhos. Os homens mais fortes e os jovens viajavam a pé. O tempo da Páscoa era o fim de março ou começo de abril, e toda a terra estava adornada de flores, alegrada com os cânticos dos pássaros. Por todo o caminho, encontravam-se lugares memoráveis na história de Israel, e pais e mães contavam aos filhos as maravilhas que Deus operara por Seu povo, nos séculos passados. Entretinham a jornada com cânticos e música e quando, afinal, se avistavam as torres de Jerusalém, todas as vozes se juntavam nos triunfantes cânticos:
"Os nossos pés estão
dentro de tuas portas, ó Jerusalém...
Haja a paz dentro dos teus muros,
e prosperidade dentro dos teus palácios." Sal. 122:2 e 7.
A observância da Páscoa começou com o nascimento da nação hebraica. Na última noite de sua servidão no Egito, quando não havia sinal de libertação, Deus lhes ordenou que se preparassem para um imediato livramento. Advertira Faraó do juízo final sobre os egípcios, e deu aos hebreus instruções para reunirem suas famílias dentro das próprias casas. Havendo aspergido as ombreiras e vergas da porta com o sangue do cordeiro imolado, deviam comer o cordeiro, assado, com pão sem fermento, e ervas amargas. "Assim pois o comereis", disse Ele: "os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a Páscoa do Senhor." Êxo. 12:11. À meia-noite, todos os primogênitos dos egípcios foram mortos. Então o rei enviou a Israel a mensagem: "Levantai-vos, saí do meio do meu povo;... e ide, servi ao Senhor, como tendes dito." Êxo. 12:31. Os hebreus saíram do Egito como nação independente. O Senhor ordenara que a Páscoa fosse observada anualmente. "E", disse Ele, "quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? vós lhes direis: É o sacrifício da Páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios". Êxo. 12:27. Assim, de geração em geração devia ser narrada a história desse maravilhoso livramento.
A Páscoa era seguida pela festa dos sete dias de pães asmos. No segundo dia da festa, os primeiros frutos da colheita anual, um molho de cevada, eram apresentados ao Senhor. Todas as cerimônias da festa eram símbolos da obra de Cristo. A libertação de Israel do Egito era uma lição objetiva da redenção, que a Páscoa se destinava a conservar na memória. O cordeiro imolado, o pão asmo, o molho dos primeiros frutos, representavam o Salvador.
Para a maioria das pessoas, ao tempo de Cristo, a observância dessa festa degenerara em mera formalidade. Qual, porém, sua significação para o Filho de Deus?!
Pela primeira vez, contemplou o menino Jesus o templo. Viu os sacerdotes de vestes brancas, realizando seu solene ministério. Viu a ensangüentada vítima sobre o altar do sacrifício. Com os adoradores, inclinou-Se em oração, enquanto ascendia perante Deus a nuvem de incenso. Testemunhou os impressivos ritos da cerimônia pascoal. Dia a dia, observava mais claramente a significação dos mesmos. Cada ato parecia estar ligado a Sua própria vida. No íntimo acordavam-se-Lhe novos impulsos. Silencioso e absorto, parecia estudar a solução de um grande problema. O mistério de Sua missão desvendava-se ao Salvador.
Enlevado pela contemplação dessas cenas, não permaneceu ao lado dos pais. Buscou estar sozinho. Ao terminarem as cerimônias pascoais, demorou-Se ainda no pátio do templo; e, ao partirem os adoradores de Jerusalém, Jesus foi deixado ali. Nessa visita a Jerusalém, os pais de Jesus desejavam pô-Lo em contato com os grandes mestres de Israel. Conquanto fosse obediente em todos os particulares à Palavra de Deus, não Se conformava com os ritos e usos dos rabis. José e Maria esperavam que fosse levado a reverenciar os doutos rabinos, e a atender mais diligentemente a suas exigências. Mas Jesus, no templo, fora instruído por Deus. Aquilo que recebera, começou imediatamente a comunicar.
Naquela época, um aposento ligado ao templo estava sendo ocupado por uma escola sagrada, à maneira das escolas dos profetas. Ali se reuniam mestres de destaque, com os alunos, e ali foi ter o menino Jesus. Sentando-Se aos pés desses homens sérios e doutos, ouvia-lhes as instruções. Como pessoa que busca saber, interrogava esses mestres relativamente às profecias, e a acontecimentos que estavam então ocorrendo e indicavam o advento do Messias.
Jesus Se apresentou como pessoa sedenta de conhecimento de Deus. Suas perguntas eram sugestivas de profundas verdades que havia muito jaziam obscurecidas, e eram, todavia, vitais para a salvação de almas. Ao mesmo tempo que revelavam quão limitado e superficial era o conhecimento dos sábios, cada pergunta punha perante eles uma lição divina, e apresentava a verdade sob novo aspecto. Falavam os rabis da maravilhosa elevação que a vinda do Messias havia de trazer à nação judaica; mas Jesus apresentava a profecia de Isaías, e perguntava-lhes o sentido daqueles textos que indicavam o sofrimento e a morte do Cordeiro de Deus.
Os doutores voltavam-se para Ele com perguntas, e pasmavam de Suas respostas. Com a humildade de criança, repetia as palavras da Escritura, dando-lhes profundeza de sentido que os sábios não haviam alcançado. Seguidos, os traços da verdade por Ele indicados teriam operado uma reforma na religião da época. Ter-se-ia despertado profundo interesse nas coisas espirituais; e quando Jesus começasse Seu ministério, muitos estariam preparados para O receber.
Os rabis sabiam que Jesus não havia sido instruído em suas escolas; no entanto, Seu conhecimento das profecias excedia em muito o deles próprios. Nesse refletido Rapazinho galileu divisaram grandes promessas. Desejaram angariá-Lo como aluno, a fim de que Se tornasse mestre em Israel. Queriam encarregar-se de Sua educação, convencidos de que um espírito tão original devia ser educado sob sua direção.
As palavras de Jesus lhes moveram o coração como este nunca o havia sido por palavras de lábios humanos. Deus estava procurando comunicar luz àqueles guias em Israel, e servia-Se do único meio pelo qual poderiam ser atingidos. Em seu orgulho, teriam desdenhado a hipótese de receber instruções de quem quer que fosse. Se houvesse parecido que Jesus procurava ensiná-los, desdenhariam ouvi-Lo. Mas lisonjeavam-se com a idéia de que O estavam ensinando a Ele ou, pelo menos, examinando Seu conhecimento das Escrituras. A modéstia juvenil e a graça de Jesus lhes desarmava os preconceitos. Inconscientemente, seu espírito abriu-se à Palavra de Deus, e o Espírito Santo lhes falou ao coração.
Não puderam deixar de ver que sua expectação com respeito ao Messias, não tinha o apoio da profecia; mas não queriam renunciar as teorias que lhes tinham lisonjeado a ambição. Não admitiam haver compreendido mal as Escrituras que pretendiam ensinar. Interrogaram-se uns aos outros: Como tem esse rapaz conhecimento, não havendo nunca aprendido? A luz estava brilhando nas trevas; mas "as trevas não a compreenderam". João 1:5.
Entretanto, José e Maria achavam-se em grande perplexidade e aflição. Na partida de Jerusalém, haviam perdido de vista a Jesus, e não sabiam que Se demorara atrás. O país era então densamente povoado, e muito grandes as caravanas dos galileus. Havia muita confusão quando deixaram a cidade. Pelo caminho, o prazer de viajar com os amigos e conhecidos absorveu-lhes a atenção, e não Lhe perceberam a ausência até que chegou a noite. Então, ao pararem para o repouso, sentiram falta das prestimosas mãos de seu filho. Julgando que estivesse com os companheiros, não haviam sentido ansiedade. Jovem como era, nEle confiavam inteiramente, esperando que, quando necessário, estaria pronto a auxiliá-los, antecipando-lhes as necessidades, como sempre fizera. Agora, porém, se suscitaram temores. Procuraram-nO entre os que os acompanhavam, mas em vão. Tremendo, lembraram-se de como Herodes O buscara destruir em Sua infância. Negros pressentimentos lhes encheram o coração. Faziam-se a si mesmos amargas recriminações.
Voltando a Jerusalém, prosseguiram suas buscas. No dia seguinte, ao misturarem-se com os adoradores no templo, uma voz familiar lhes chamou a atenção. Não a podiam confundir; nenhuma outra era como a Sua, tão séria e grave, não obstante tão melodiosa.
Na escola dos rabinos, encontraram Jesus. Regozijando-se, embora, não puderam esquecer seu desgosto e ansiedade. Tendo-O novamente consigo, disse a mãe, em palavras que envolviam uma reprovação: "Filho, por que fizeste assim para conosco? Eis que Teu pai e eu ansiosos Te procurávamos."
"Por que é que Me procuráveis? Não sabeis que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?" Luc. 2:48 e 49. E, como parecessem não compreender Suas palavras, apontou para cima. Havia em Seu rosto uma luz que os levou a meditar. A divindade estava irradiando através da humanidade. Encontrando-O no templo, haviam escutado o que se passava entre Ele e os rabis, e ficaram admirados de Suas perguntas e respostas. Suas palavras despertaram uma corrente de idéias que nunca mais seriam esquecidas.
E a resposta que lhes dera encerrava uma lição. "Não sabeis", dissera Ele, "que Me convém tratar dos negócios de Meu Pai?" Jesus estava empenhado na obra para cumprimento da qual viera a este mundo; mas José e Maria haviam negligenciado a sua. Grande honra lhes conferira Deus em confiar-lhes Seu Filho. Santos anjos tinham dirigido a José, a fim de proteger a vida de Jesus. Mas, por um dia inteiro haviam perdido de vista Aquele a quem não deviam ter esquecido nem por um momento. E, ao ser-lhes aliviada a ansiedade, não se censuraram a si mesmos, mas lançaram sobre Ele a culpa.
Era natural que os pais de Jesus O considerassem como seu próprio filho. Estava diariamente com eles, em muitos aspectos Sua vida era como a das outras crianças, e era-lhes difícil compreender ser Ele o Filho de Deus. Estavam em risco de deixar de apreciar a bênção a eles concedida pela presença do Redentor do mundo. O desgosto de se haverem separado dEle, e a branda reprovação contida em Suas palavras, visavam impressioná-los quanto à santidade do depósito que lhes fora confiado.
Na resposta dada a Sua mãe, Jesus mostrou pela primeira vez que compreendia Sua relação para com Deus. Antes de Seu nascimento o anjo dissera a Maria: "Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus Lhe dará o trono de
Davi Seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó." Luc. 1:32 e 33. Aquelas palavras, Maria ponderara em seu coração; no entanto, ao passo que acreditava que Seu filho havia de ser o Salvador de Israel, não Lhe compreendia a missão. Agora, não Lhe entendeu as palavras; mas sabia que negara Seu parentesco com José, e declarara Sua filiação de Deus.
Jesus não deixara de respeitar Sua relação para com Seus pais terrestres. Voltou de Jerusalém com eles, e ajudou-os em sua vida de labor. Ocultava na própria alma o mistério de Sua missão, esperando submisso o tempo designado para iniciar Sua obra. Durante dezoito anos, depois de haver reconhecido ser o Filho de Deus, reconheceu também os laços que O ligavam ao lar de Nazaré, e cumpriu os deveres de filho, irmão, amigo e cidadão.
Ao ser-Lhe Sua missão revelada no templo, Jesus Se esquivou ao contato da multidão. Desejava voltar de Jerusalém quietamente, com os que sabiam o segredo de Sua existência. Mediante a cerimônia pascoal, Deus estava procurando desviar Seu povo dos cuidados terrenos que tinham, e fazê-lo lembrar a maravilhosa obra que fizera em sua libertação do Egito. Desejava que vissem nessa obra uma promessa de libertação do pecado. Como o sangue do cordeiro morto protegera os lares de Israel, assim lhes salvaria a alma o sangue de Cristo; mas eles só se podiam salvar por meio de Cristo, apoderando-se, pela fé, de Sua vida, como sendo deles mesmos. Só havia virtude no simbólico cerimonial, ao serem os adoradores por ele dirigidos a Cristo como seu Salvador pessoal. Deus desejava que fossem levados a estudar a missão de Cristo, e sobre ela meditar com oração. Ao partirem de Jerusalém, as multidões, no entanto, o despertar da viagem e a comunicação social absorviam freqüentemente a atenção deles, e era esquecido o cerimonial que acabavam de testemunhar. O Salvador não foi atraído para a companhia deles.
Ao voltarem José e Maria de Jerusalém sozinhos com Jesus, Ele esperava dirigir-lhes a atenção às profecias concernentes aos sofrimentos do Salvador. Sobre o Calvário, procurou aliviar a dor de Sua mãe. Estava agora pensando nela. Maria tinha que testemunhar Sua derradeira agonia, e Jesus desejava que ela compreendesse Sua missão, a fim de fortalecer-se para resistir, quando a espada lhe houvesse de traspassar a alma. Como Jesus estivera separado dela, e por três dias O procurara aflita, assim, quando fosse oferecido pelos pecados do mundo, estaria novamente perdido para ela três dias. E ao ressurgir Ele do sepulcro, sua tristeza se transformaria outra vez em júbilo. Mas quão melhor teria ela suportado a angústia da morte do Filho, se houvesse compreendido as Escrituras para as quais Ele lhe procurava agora volver os pensamentos!
Se José e Maria houvessem firmado a mente em Deus, mediante meditação e oração, teriam avaliado a santidade do depósito que lhes era confiado, e não teriam perdido de vista a Jesus. Pela negligência de um dia perderam o Salvador; custou-lhes, porém, três dias de ansiosas buscas o tornar a encontrá-Lo. O mesmo quanto a nós; por conversas ociosas, por maledicência ou negligência da oração, podemos perder num dia a presença do Salvador, e talvez leve muitos dias de dolorosa busca o tornar a achá-Lo, e reconquistar a paz que perdemos.
Em nossas relações uns com os outros, devemos estar atentos para não perder a Jesus, continuando o caminho sem nos advertir de que Ele não Se acha conosco. Quando nos absorvemos em coisas mundanas, de maneira que não temos um pensamento para Aquele em quem se concentra nossa esperança de vida eterna, separamo-nos de Jesus e dos anjos celestiais. Esses santos seres não podem permanecer onde a presença do Salvador não é desejada, e Sua ausência não é sentida. Eis porque tantas vezes se faz sentir o desânimo entre os professos seguidores de Cristo.
Muitos assistem a cultos e são refrigerados e confortados pela Palavra de Deus; mas, devido à negligência da meditação, vigilância e orações, perdem a bênção, sentindo-se mais vazios do que antes de a receberem. Sentem freqüentemente que Deus os tem tratado duramente. Não vêem que a falta está com eles mesmos. Separando-se de Jesus, afugentaram a luz da Sua presença.
Far-nos-ia bem passar diariamente uma hora a refletir sobre a vida de Jesus. Deveremos tomá-la ponto por ponto, e deixar que a imaginação se apodere de cada cena, especialmente as finais. Ao meditar assim em Seu grande sacrifício por nós, nossa confiança nEle será mais constante, nosso amor vivificado, e seremos mais profundamente imbuídos de Seu espírito. Se queremos ser salvos afinal, teremos de aprender ao pé da cruz a lição de arrependimento e humilhação.
Ao comunicarmos uns com os outros, podemos ser, mutuamente, uma bênção. Se somos de Cristo, nossos mais gratos pensamentos serão em torno dEle. Teremos prazer em falar a Seu respeito; e ao falarmos uns aos outros em Seu amor, nosso coração será abrandado por influências divinas. Contemplando a beleza de Seu caráter, seremos "transformados de glória em glória na mesma imagem". II Cor. 3:18.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Como interpretar o 1Coríntios 14:34:
“As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar, mas estejam submissas como também ordena a lei.” Será que Paulo proíbe as mulheres de falarem na Igreja?
Será que a Bíblia ensina que as mulheres não podem falar na Igreja? Como explicar isto?
Contexto da Época:
As mulheres eram tidas em baixa conta entre o povo judeu.
Diz o comentarista Russeli Champlim, que as mulheres naquela época, eram proibidas de freqüentar escolas de Teologia. Os rabinos afirmavam: “É preferível queimar a lei do que ensiná-la a uma mulher.”
Era costume dos gregos e dos judeus, determinar que a mulher permanecesse em segundo plano nos afazeres públicos. Era ordenança judaica, que as mulheres não pudessem falar nas assembléias, e nem mesmo fazerem perguntas. Um escravo do sexo masculino poderia ler, mas a mulher não.
A Bíblia apresenta o menosprezo da sociedade de então ao sexo feminino, quando se fazia um censo, ou a contagem de um povo, onde só eram contados os homens e não se incluíam mulheres nem crianças.
As genealogias não mencionam o nome das mulheres com a mesma freqüência que menciona os dos homens.
Um exemplo mais: Quando Maria Madalena foi apanhada em adultério, porque os homens só levaram a mulher e não o homem que estava com ela, que também era um adúltero? Isto demonstra a sociedade machista, e o descaso com a mulher.
O próprio divórcio, naquele tempo, se dava por qualquer problema, se a mulher queimasse o pão, ou não cumprisse com as expectativas do marido.
Dizem alguns comentaristas, que as mulheres naquele contexto, eram tidas em tão baixa estima, que o judeu tinha uma oração que era mais ou menos assim: “Obrigado Senhor, porque não nasci camelo, nem mulher e nem samaritano”.
Nesse contexto, Paulo realmente declarou que uma mulher não deveria falar na Igreja, pois o cristianismo, que estava sendo difundido, não podia cair em descrédito, sendo divulgado por mulheres que não tinham o respaldo necessário da sociedade.
Paulo realmente quis dizer o que está escrito, mas exclusivamente para a sua época e para o seu contexto.
É importante destacar, que a igreja cristã não surgiu para produzir um revolução social, mas sim uma transformação espiritual pelo poder de Deus. As mudanças sociais deveriam surgir como conseqüência natural das transformações espirituais nos indivíduos que aceitassem a Cristo.
Como posso diferenciar o que Paulo disse para sua época, e o que é para nós hoje? Olhando o Contexto da Bíblia.
Existe uma harmonia na Bíblia. Isaías escreveu: “Um pouco aqui um pouco ali”.
As verdades fundamentais da Bíblia, não estão isoladas e únicas, elas se completam, se reafirmam de outras formas e em outros contextos.
E qual é o contexto da mulher na Bíblia então?
Inicialmente foi criada para estar ao lado do homem, porém, após o pecado houve inimizade e esta ficou sujeita a seu marido. Isto não significa que ela ficou esquecida e muito menos desprezada, pois a Bíblia dá exemplos da importância da mulher, e como o homem deve respeitá-la.
A Bíblia registra mulheres que foram relevantes na sociedade, pela escolha Divina, como as profetisas: Hilda, Débora, Miriã, as 4 filhas de Felipe, e ainda a importância das mesmas como mães, como foi a mãe de Moisés, mãe de João Batista, de Jesus, etc.
O próprio Jesus restabeleceu o lugar da mulher na sociedade, pois em diversos momentos foi criticado por quebrar barreiras da época: quando conversou com uma mulher samaritana junto ao poço de Jacó; quando permitiu que seus pés fossem lavados com perfume caríssimo num banquete; quando perdoou a uma mulher adúltera, etc.
Logo, temos que deixar claro, a diferença entre um “Assim diz o Senhor” e o que Paulo falou para o seu público da época.
No último capítulo do livro de Provérbios, o sábio Salomão descreve o valor da mulher virtuosa, que o “seu valor muito excede ao de jóias preciosas”. Provérbios 31:10.
Concluindo, podemos afirmar que Paulo não sabia e nem imaginava o potencial das mulheres. Sua época não permitia pensar corretamente neste particular.
Hoje, porém, a maior igreja do mundo, a de Paul Yang Choo, é um sucesso devido aos grupos familiares, que os homens não conseguiram liderar com êxito e sim as mulheres.
Portanto quase que 100% das igrejas cristãs, aceitam o fato de as mulheres participarem em suas atividades.
Assinar:
Postagens (Atom)